quinta-feira, 30 de setembro de 2010

MOEDA DE TRÊS FACES

Chapeuzinho me mandou uma mensagem. "E quem diria, o improvável transforma-se em real. Há inteligência no mundo animal". E eu penso, uau! Mas a vida não é assim tão rima fácil, meus caros meia-dúzia de corajosos leitores. Eis o término:
"De qualquer forma, gostaria que o nosso quarto encontro não fosse no Cine Odeon... afinal, nem só de documentários inteligentes (ou nem tão inteligentes assim) vive um mineiro cineasta. Gostaria que, no próximo encontro, eu pudesse levar doces para a vovozinha, mas, é claro, com a sua ilustre companhia!"
Ou, usando a tecla SAP, se eu errar no quarto encontro, a frase acima transmuta em meu epitáfio. 
Bem, chegamos quase no meio do primeiro turno do festival. De, deixa eu ver, uns 130 filmes disputados, venci 2 longas documentários, mais seus dois respectivos curtas. Meu aproveitamento é compatível com o do meu Galo. E a pressão aumentou.
Abro o guia oficial do festival, já que o nosso não aponta nenhum caminho. Tenho pelo menos uma pista: nada de Odeon! Nhaca, terei que vencer na casa do adversário.
Pesco um filme do rio caudaloso. Um peixe, chinês, chamado: 'O Ültimo Trem para Casa'. Se a alcunha fosse 'Wanda', escolha certa. Pela sinopse, documentário de dois velhinhos casados que se "debatem por um bilhete para a viagem de 50 horas até sua cidade, onde anseiam por encontrar a filha Qin, deixada com a avó há 16 anos." Melhor filme num festival de documentários em Amsterdã. É, não deixa de ter certo pedigree. Mas Chapeuzinho irá gostar de outro documentário? Devo ter certas fixações, viu.
O segundo pré-escolhido: 'Líbano'. Vencedor do Festival de Veneza! Ah, todo cinéfilo é meio Serra Pelada, com seu fetiche reluzindo ouro. Mas o filme é de guerra, com os soldados personagens "tentando não sucumbir à claustrofobia" em meio a "uma terra arrasada, repleta de corpos e desespero". Éééé!, perfeito para um ataque romântico do lobo.
Terceiro risco, una película hermana. 'O Homem do Lado'. Sinopse divertida, em que um mauricinho argentino fica fulo com um buraco na parede aberto pelo vizinho, para construir uma janela de frente à sua casa. Hum... Melhor fotografia em Sundance. Paradoxo é que não gostei nem um pouco das fotos still no site do festival. 
Ah, que essa escolha tá tão chata quanto esse post. E tensa. Não me pauto agora por estéticas, narrativas, contemporaneidade. Quero apenas chegar ao coração da Chapeuzinho. Caminho que trilho sem faro e completamente cego. Mas como sou lobo resoluto, ligo pra moça, leio para teus ouvidos de carmim as sinopses. E, da tua boca de amora, um "Decida-se!"
Eita..., agora me ocorreu uma quarta face da moeda. "próximo encontro", "levar doces para vovozinha", "minha ilustre companhia"... será um eufemismo singelo de "Nada de cinema desta vez, porra!"? 
Ai, meu reino interno da Dinamarca!


Ver ou não ver, pois agora virou questão.


Lobo Mauro

2 comentários:

  1. Querido Lobo Mauro,

    tua chapeuzinho não usou nem de eufemismo nem de metáfora nem de figura de linguagem nenhuma. Pobres das mulheres, tão incompreendidas!

    Eu, se fosse tu, não insistia mais em documentário, ficção científica, comédia romântica, bollywood ou qualquer dos gêneros cinematográficos já surgidos nesse mundo.

    Leva a caperucita-roja para tomar um suco de uva integral, talvez uns drinks espalhafatosos (alcóolicos para ela, hahaha), comer uma coisinha gostosa (camarão, sushi, árabe, mexicano... nada de tutu ou pão de queijo, por favor!!!) e bater uns papos (porque ninguém merece ficar calado por duas horas num encontro romântico dentro do cinema, né?).

    Vai com fé, homem!!!

    Bjs da pernambucana :)

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  2. Maíra, minha guru pernambucana! Abriste os olhos do cego Rocinante... desde já, cumpro teus conselhos. E vamos ver no que dá.

    Lobo Mauro

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