quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A DEFESA DE PAI (TIO) BOONMEE

Há um provérbio tailandês que diz: mais vale um pássaro na mão do que um voando sobre a sua cabeça. O que eu quero dizer com isso, sei lá! O que queria mesmo é contar a minha versão da história que andam difamando por ai.
Cheguei no Brasil após longa e cansativa carreira internacional e fui logo sendo retido na polícia federal. Entre os interrogatórios de praxe tive um sono profundo e uma revelação que mudou a minha vida. Sonhei que o interrogador era um papagaio falante que fumava um charuto. Ele me deu uns sopapos na cara e foi logo dizendo – Queres beber, cantar asneiras no esto brutal das bebedeiras que tudo emborca e faz em caco? Se pergutarem: que mais queres, além de versos e mulheres? Vinhos!...o vinho que é meu fraco! Evoé baco! Se não fossem as penas e o bico diria que era um poeta maldito.
Depois disso o papagaio saiu do puleiro e me guiou por um corredor longo até um quarto. Lá dentro uma mulata deitava o seu corpo nu em uma cama. Tinha uma rara beleza, daquelas que a gente só vê em filme. O papagaio então cuspiu o charuto e foi andando até a mulata. Chegou bem perto de sua vagina, deu uma última olhada para mim e disse – O Brasil é o país do futuro! O último é a mulher do padre – deu duas piruetas e mergulhou dentro da vagina.
Acordei assustado e percebi que esse negócio de ficar revelando o meu passado em filme tailandês laureado não fazia o menor sentido. Na verdade era muito solitária essa vida engaiolada na tela de cinema. Todo dia era a mesma chatice. Subornei os guardas com o resto do dinheiro da palma de ouro e parti para as ruas da cidade. O resto é lenda! Quem quiser saber que me procure. Agora me dedico às adivinhações e em trazer a pessoa amada em três dias.
Aguardo ansioso pelo carnaval e só volto ao cinema se for para atuar numa pornochanchada!        

Ex tio Boonmee, atual Pai Boonmee

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