segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Já levou 500 socos na cara em uma noite só?

Resolvi seguir os conselhos de Maíra, minha guru pernambucana. Nada de cinema. Ainda mais numa sexta-feira a noite. Chapeuzinho, está na hora do Lobo beber água!
Caminho serelepe pela Avenida Rio Branco. Cantando na chuva, desviando minhas orelhas das pontas afiadas de sombrinhas vindas de lado, de cima, em direto, em upper, um Anderson Silva pedestre. Por que certas pessoas (muitas, aliás) andam com o guarda-chuva aberto embaixo das marquises e te impurram, órfão de proteção, para adoção da chuva?
Uma mulher, em especial, numa beleza autista, quase me cega o mundo. Gostosa, não rebole tua sombrinha na minha cara como a espelhar teu glúteo máximo nesta tua passarela mínima, pois de mim não receberás um fiufiu! Nada disse, porém. Minha boca fechada pela aura alegre, o mau humor recolhido numa sala escura de uma sessão qualquer do festival. Amanhã, Belo Horizonte, cumprir meu direito de cidadão. Mas hoje, Chapeuzinho será minha!
Outra sombrinha, outra espetacular defesa em pêndulo. Sou liso boxer. Muhammad Ali dos trauseuntes. Peso meio-pesado com agilidade de pluma. Imbatível, intocável. Eu, um deus das esquivas, um Éder Jofre do ri... ai! No meio do caminho não tinha uma pedra. Mas um buraquinho molde do meu pé. Alguém tem um advogado para processar a prefeitura? Não acredito no azar. Dou mais dois passos, tentando sepultar a desdita. Mas me dói o tornozelo. E a alma. Já me conheço. Fui nocauteado pelo ridículo.
Páro um táxi. Chefia, me leva de volta pra casa. Meu tornozelo, uma jabulani. Minha auto-confiança, um Grand Canyon. Muito azar. Só falta agora meu Galo começar a ganhar. Preocupante.
Ligo pra Chapeuzinho. É, boneca, não poderei ir ao teu encontro. Sim, mil deculpas, mas torci feio o tornozelo. Preciso agora de uma enfermeira. E, mais do que nunca, preciso de ti.
Lembrei-me do filósofo Rocky Balboa: "Já levou 500 socos na cara em uma noite só? Depois de um tempo começa a doer."
Pois Chapeuzinho diz que adoraria, mas não pode. Ficasse para a próxima. E boa viagem, meu gatinho.
Sou lobo, penso, e não bichano. Agora, fera ferida, no corpo, na alma. E no coração.

Lobo Mauro

2 comentários:

  1. É... Agora o Lobo faz premonições... O Galo começou a ganhar... Será que Chapeuzinho voltará a passear pela sua floresta? Adorei a narrativa! Dei boas gargalhadas... tornou minha manhã mais alegre!
    Bjim da irmanzim!

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  2. Premonições? Quem faz é o Pai Boonmee, aquele safado! Mas eita encruzilhada besta, sô: Galo no futebol ou galo na cabeça?

    Beijocas

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