sexta-feira, 1 de outubro de 2010

EM CASO DE EMERGÊNCIA....SEGURA NA MÃO DE DEUS!

Não, não estou fazendo apologia ao fluminense, Deus me livre! Finalmente após uma semana de festival consigo escrever um texto sobre um filme. A vantagem de um guia cego e errante é essa. O descompromisso é tanto que nos é permitido essas liberdades e devaneios. Viva os devaneios e a vadiagem descompromissada.

Após cantar todas as músicas do Cocoricó (aqueles que são pais saberão o que digo) consegui adormecer os caninos selvagens do meu filho. Tinha a tarde toda para vadiar, então coloquei o meu velho calção de banho e fui ao cinema.

Sessão de duas da tarde do filme OF GODS AND MEN no cinema São Luiz. Seria fácil conseguir ingresso longe da badalação de Botafogo com suas ninfetas cinéfilas. Ledo engano, ao chegar uma fila extensa se formava antes de abrir a bilheteria. Por sorte  90% das pessoas estavam indo ver o filme baseado no livre do Chico Xavier. Quem diria que Chico Xavier seria maior que deus? O azar é que a maioria era de velhinhas que não gostaram nem um pouco dos meus trajes – meu velho calção de banho translúcido!
Entrei na sala usando um jornal para esconder os meus trajes. Grande expectativa com o filme que tinha ganhado o prêmio do júri em Cannes. Apesar de que um amigo sempre me advertiu que cabeça de júri e bunda de nenem ninguém sabe o que pode sair. Agora que sou pai de um nenem de 1 ano e sei o que pode sair de sua bunda devia ter desconfiado do prêmio do juri.

Para resumir, o que um grupo de monges entocados em uma montanha ouvindo lagos dos cisnes tem de emocionante? Nada, rigorosamente nada. E essa me parece ser a cena de epifania do filme. O que faz um grupo de monges franceses ao serem confrontados com uma situação de perigo em um país muçulmano do norte da África? Essa seria a sinopse do filme. Ora não são monges? O que interessa o perigo? Não vão para céu quando morrerem? Ah, mas o filme vai discutir esse negócio do conflito religioso por um viés humanista, afinal os monges se sentem irmãos dos árabes. Não todos, é claro. Humanismo tem limites. Há os terroristas, o exército e os políticos que não merecem um lugar no céu. Enfim, duas horas de monges rezando e chegando a conclusão que no fim morrer é encontrar deus, me parece um engodo daqueles. Por isso me parece que o filme na verdade é um manual para monges em momentos de perigo – ao ver um árabe terrorista barbudo com sua kalashnikov em punho não se desespere, reze 10 ave marias e 10 pais nosso, e, se isso não funcionar, não se esqueça de que é um monge e tem um lugar garantido no céu. Melhor para o terrorista que, se morrer na jihad, vai para um céu com cem virgens só para ele.

Enfim, mosteiro que não tem o Fradim não tem a menor graça!

Roberto Robalinho 

Nenhum comentário:

Postar um comentário