Sábado, meio-dia. Toca o telefone.
- Alô, Mauro? Tô indo comprar uns ingressos agora, mas tô completamente por fora. Qual é a boa de hoje?
- Do you like sacary movie, mané? Meu caro, não tem que pensar. Crava Halloween, sessão histórica de meia-noite!
- Porra! Boa pedida.
- Ah! Cersósimo, aproveita e compra pra mim também. Te pago meia-noite.
Vinte e três horas e quinze minutos. Saio eu de uma sessão sapeca iaiá do filme Killer Joe. Toca o telefone.
- Maurão? Cara, é o seguinte: consegui agora dois ingressos de grátis para o show do Paulinho da Viola, no Circo Voador. Tá indo eu e minha namorada...
(Putz, só pode ser uma killer joke, penso)
-...Maurão, tá aí? Oh, já estamos dentro do taxi, aqui perto do shopping. Tenho que dar seu ingresso. Ah, se você conseguir vender os meus... uma inteira e uma meia.
Foi-se o restolho da minha dignidade. Tomei bolo de amigo nerd! Pergunto a você leitor dessa minha desdita: entre uma sessão de cinema sanguinolenta do Carpenter (repleta de nerds punheteiros) e um show romântico 0800 do da Viola acompanhado de lambidas no cangote de sua namorada, qual você escolheria? Claro, eu sei! Nem eu nem você temos a menor dúvida: Halloween, porra!
Mesmo sendo exibido com uma cópia em película cor de abóbora e mais riscada que as felizardas vítimas de Michael Myers. Que o digam os dois camaradas que saíram no tapa pra comprar os ingressos na minha mão.
A propósito, essa grana dos ingressos do Cersósimo, vulgo Roberto Souza Leão, ainda está comigo. Tá aqui, do meu ladinho, tô olhando pra ela agora enquanto escrevo essa missiva impossível.
Tô matutando se devo, não nego.
Lobo Mauro
(P.S.: roubei o vídeo do facebook do Fernando Toste. Na cara de pau, mesmo)